Isso não pudia durar muito, as coisas estavam indo muito de vagar. Tinha que bolar coisas diferentes, mais irritantes.
Passei quase a noite toda pensando, mas não encontrava nada de interessante. O que poderia irritar Bastian?
Levantei de manhã aquele dia com um pouco de dor de cabeça com tanto que eu pensei! Fiquei andando de um lado para outro no quarto, pesquisei algumas coisas na internet, liguei para Clarice, mais nada!
O que eu faria?
-Com licença! – era o Sr. Alter.Alguém bate a porta.
-Bom dia! – disse.
-Não vai tomar café senhorita?
-Não estou com fome!
-Você está bem? Parece inquieta.
-Um pouco!
-Posso ajudar em alguma coisa?
-Não... é... Não é nada! Eu já vou descer!
-Está bem!
Coloquei uma roupa já esquematizada, caso surgisse uma idéia e eu precisasse sair!
Cheguei até a mesa posta. Minha tia não estava, provavelmente, já tinha saído com a Wanessa. A mesa tinha coisas que eu gostava. Peguei um copo de suco de laranja e dei uma golada. Fiquei olhando pra frente, para o nada, trabalhando minha mente. Não toquei mais em nada!
Depois de meia hora Sr. Alter chegou.
-A senhorita não tocou nada.
-Eu não estou com fome.
Retirei-me e fui para a sala. Olhei pela janela. O sol estava brilhando, os carros lá em baixo, fazia uma fila. Algumas pessoas andavam pela causada se batendo.
Bastian ainda não foi me ver. Não sabia se isso era bom ou ruim! Não nos víamos desde ontem de manhã. Ele não estava trabalhando, o que será que havia acontecido?
Sentei-me no sofá colocando os pés em cima dele. Cruzei os braços a minha frente. Queria muito que Bastian estivesse comigo. Mas não podia sentir isso, tinha que manter o foco.
Fui procurar o Sr. Alter. Quem sabe ele poderia me ajudar!
Ele não estava na cozinha. Fui então para o quarto dele. Estava tocando num som quase imperceptível estava tocando uma musica clássica! Dei uma olhada com detalhes para o quarto dele. Por mais que eu já tinha estado lá, nunca vi os por menores.
A organização era impecável. O quarto era simples, mas aconchegante. Tinha uma decoração meio anos 1800. As cores eram pasteis e verdes. A moldura da cama tinha circunferências que não se encontram mais facilmente. Ao lado dela havia uma mesinha com um telefone preto em cima. O guarda roupa era grande e de madeira pura. No canto esquerdo havia uma poltrona que combinava perfeitamente com todo o resto e ao lado dela havia uma pequena escrivaninha com uma cadeira e muitos livros em ordem alfabética. Autores nacionais e internacionais. Livros de pensamentos, dramas e historias trágicas baseadas em fatos reais. Em um lado mais alto da escrivaninha havia uma foto minha com ele em algum passeio que fizemos quando eu era pequena. Aquilo me fez sorrir. Peguei a foto que estava na moldura e passei a mão em cima. Deu-me saudade de meus pais. Já fazia alguns dias que eu não pensava neles. Eu não queria esquecê-los, mais sempre que eu tentava lembrar-se de algo aquilo fazia eu me sentir sem futuro algum. Coloquei a foto no lugar.
Logo ao lado da mesinha, havia um pequeno aparelho de som antigo, de onde saia musica clássica. Modelo de colecionador. Dei mais umas voltas no quarto. Sentei na cama de frente para o radio.
A porta do quarto do Sr. Alter se abre. Olho em direção e vejo-o entrando.
-O que está fazendo aqui?
Levanto-me.
-Desculpe Sr. Alter... É que eu estava-te procurando.
-Está precisando de alguma coisa?
Na verdade eu não tinha nada para falar com ele. Ia colher algumas informações do que os homens odiavam mais ele era bem esperto e ia perceber que eu estava aprontando.
-Na verdade... Não é nada... Eu... Só não tenho nada pra fazer. Ai me sentei, para ouvir um pouco de musica.
Ele sorri e chega perto de mim pega em minhas mãos e fez com que sentássemos no mesmo instante. Ele beijou minha testa.
-Não sabia que gostava de musica clássica. – disse ele olhando por cima das sobrancelhas e com um leve sorriso. Sorri diante daquela observação.
-Na verdade eu não gosto muito, mais não tenho nada contra. Da para relaxar.
-São poucos que sabem apreciar a verdadeira beleza da musica.
-Você sempre gostou?
-Sim. Desde quando eu era jovem. Meus amigos riam de mim pelo meu gosto musical. Sabe, os jovens gostam mais de... Como vocês falam... Rock’in roll.
Sorri quando ele disse isso. Olhei para o radio e fechei os olhos. Foi ai que eu tive uma idéia! Abracei Sr. Alter de felicidade por ele inconscientemente ter me dado aquela idéia.
-Obrigada! –disse a ele e me retirando em seguida. Ele, coitado, com certeza, ficou sem entender nada!
Sai de casa e fui até uma loja me informar como eu conseguia comprar ingressos para ir ao show de musica clássica amador da Escola Florence. Um vendedor veio me atender. Ele aparecia uma pessoa desligada. Estava sempre sorrindo e usava um jaleco branco. Suas mãos estavam dentro do bolso do jaleco.
-Olha, eles se apresentam hoje as 23h00min no teatro Principal! –disse ele. Senti que as coisas estavam ao meu favor. Isso até me fez sorri.
-Olha, eles se apresentam hoje as 23h00min no teatro Principal! –disse ele. Senti que as coisas estavam ao meu favor. Isso até me fez sorri.
-Vou querer dois ingressos. –disse já tirando o dinheiro da bolsa.
-Só tem um porem?
-O que?... Que porem?... Porem não é bom...
-Os ingressos acabaram.
-Como assim os ingressos acabaram?
-Acabaram...
-Mas... É amador... Não é possível que todos dessa cidade gostem de musica clássica.
-Não é isso. –tentou se explicar. –É que não vem muito pra gente. E quando chega. Já tem os clientes específicos. Assim que chegam, eles já vêem buscar.
-Eu não acredito...
-Sinto muito. É uma surpresa pra mim saber que você gosta desse estilo de musica. Eu gosto e meus amigos vivem zuando, mais eu não perco uma apresentação. Eles não são famosos mais tem talento.
Olhei para baixo arrasada e virei às coisas. Em um pequeno flash de segundo tive uma brilhante idéia. Se o vendedor não perde, com certeza ele tem ingressos. Talvez se eu oferecer o dobro do valor ele me concederia os ingressos. Se eu apelasse, também seria uma boa idéia. Virei no mesmo instante.
-Você tem quantos ingressos?
-Dois. Essa noite vou levar minha namorada. Ela também gosta. Nem acredito que encontrei alguém como eu... É uma surpresa sabe!?
-Você quer quanto pelos ingressos? –disse diretamente para ele. Como se não me importasse com o que ele tinha acabado de dizer.
-O que? Como assim?
-Olha, eu preciso muito desses ingressos. Eu preciso ir hoje nesse concerto.
Sinto muito. Mais acho que não vai dar. –ele faz uma pausa. –Sinto muito.
-Tudo bem. –digo indo em direção a porta. –Eu vou falar com minha tia que seu ultimo pedido não será concedido. –levei minhas mãos até os olhos como se estivesse chorando. Abri a porta.
-Como assim, ultimo pedido?
Antes de eu me virar lentamente, soltei um sorriso silencioso.
-Acho que ela não vai sobreviver.
-Não vai... –ele engoli seco. –Sobreviver?
-Sim, ela está muito mal.
-O que ela tem.
-Câncer.
-Câncer?
-Em estado terminal
-Oh! Meu Deus... Sinto muito.
-Você não tem nada a ver com isso... –respirei fundo. –Mesmo assim... –coloquei a mão no rosto dele. –Obrigada.
Voltei a ir em direção a porta que ainda estava aberta.
-Não... –olhei pra trás com a cara mais triste que eu pudia encenar. –Espere.
Ele foi até atrás de um balcão, abriu uma gaveta e me estendeu a mão com dois ingressos na mão.
-Tome.
-O que é isso? –disse como se eu não soubesse que eram os ingressos.
-São as entradas do concerto... –sorri pra ele, quando segurei os papeis.
-Você está...
-São os melhores lugares. –disse ele com o sorriso mais largo como se estivesse acabado de salvar uma vida.
Abri a bolsa para pegar o dinheiro. Pelo menos ele não iria sair no prejuízo.
-Não. –disse ele tocando em meu braço. –Não precisa me pagar. Fico feliz em poder ajudar em conceder o ultimo pedido de sua tia.
-Tem certeza?
-Absoluta.
Coloquei os ingressos na bolsa e dei um longo abraço nele.
-Qual o seu nome? –perguntei?
-Max!
Com a cara mais lavada do mundo eu disse:
-Deus te pague!
Dei mais um abraço nele e sai.
Subi o elevador do prédio em que eu morava ainda não acreditando no que eu tinha feito. Inventei uma doença para minha tia onde ela iria morrer.Estava me tornando um ser humano horrível. Abri a bolsa e tirei os ingressos para ter certeza que estavam comigo. Precionei elas contra o meu peito. “É por uma boa causa”, pensei comigo.
Sorri e o elevador se abriu. Dei de cara com Bastian.
-Por que estava sorrindo? –disse ele surpreso a me ver.
-Olha o que eu consegui! –disse mostrando os ingressos.
-O que é isso?
-Ingressos para o concerto do Musical Clássico da Escola Florence. -disse isso quase gritando inconscientemente.
Ele ficou parado sem entender por que a minha grande empolgação.
-Você não sabe o que eu fiz para consegui. Mas isso não vem ao caso. O importante que vamos poder ir hoje as 23:00 e serão o melhores lugares.
-Hoje Lin, as 23:00? Ta maluca. É muito tarde. –foi exatamente as primeiras palavras que ele disse desde que me perguntou por que eu estava sorrindo.
-O que tem ser 23:00?
-É muito tarde. Imagina que horas vai acabar.
-É a versão curta. Alem do que, isso não é esses showzinhos que começa cedo e termina cedo pra as crianças irem para cama. É um show de classe. Algo totalmente diferente do que você está acostumado.
-É, realmente, não estou acostumado, nem você.
-Como você...
Fomos interrompidos por um casal que também morava no mesmo andar que nós. Estávamos prendendo o elevador. Eu do lado de dentro e Bastian do lado de fora. Bastian deu espaço para eu sair de dentro elevador e fomos para frente do apartamento do pai dele.
-Como você sabe... –continuei. –Eu não sou fã, mas sou uma grande admiradora da musica.
-Você está inventando moda isso sim.
-Não estou inventando não.
-Está sim. Por que você não aproveita essa semana que está de folga e aproveita para descansar fazer coisas que realmente gosta. Quando você estava trabalhando vivia reclamando de tudo. E agora que pode aproveitar...
-Eu estou aproveitando. –disse já nervosa e o interrompendo. –Estou fazendo tudo que eu quero e ainda estou me esforçando para te incluir em tudo, para depois você não ficar falando no meu ouvido, como eu devo agir como uma “namorada”. Agora quando a se você quiser ir ou não, é problema seu. Eu fiz minha parte. Te chamei. Depois não vai falar para seu papaizinho que eu não sou uma pessoa obediente.
Afastei-me dele entrei em casa. Fechei a porta atrás de mim e me encostei-me à porta. Consegui causar o exatamente o que eu queria.
Comecei a contar sorrindo.
-1,2,3...
Alguém bate na porta. Com certeza era Bastian sorri mais uma vez antes de abrir a porta, seria logicamente.
Lá estava ele, lindo com a cara mais charmosa de derrotado do mundo. Não disse nada. Esperei que ele falasse alguma coisa primeiro. Ele respirou fundo olhou para os lados e enfim disse:
-Está bem vamos.
-Ah! –gritei e o abracei com a vitória.
-Mas com uma condição?
Fiquei paradinha na frente dele pronta para ouvi-lo. O charme dele me fascinava. E o jeito que ele me olhava fazia meu estomago borboletear. Os olhos dele penetraram nos meus e com toda a delicadeza do mundo ele disse:
-Promete que você não vai inventar pegar autografo dos cantores depois do espetáculo!
-Prometo! –disse sorrindo.
-E, por favor, eu vou está aqui as 22h30min, esteja pronta.
-Está bem, está bem.
-Promete?
-Prometo!
Dei mais um abraço nele aos pulos. Queria que ele sentisse que eu realmente estava querendo ir nesse concerto.
-Calma. Calma. –disse ele segurando meus braços. Nós encarando. –Você é louca, sabia?
Sorri para ele. Depois do que eu tinha feito hoje com o vendedor Max, estava começando a concordar com Bastian referente à minha sanidade. Ele foi embora e eu corri para meu quarto.
Fiquei contando as horas, os minutos. E cada vez mais que se aproximava mais minha ansiedade aumentava. Nem era tanto por causa do espetáculo, mais por poder ver a cara de tédio de Bastian.
Eu havia colocado um vestido preto aberto até abaixo do joelho tomara que caia com uma charpe de renda preta também. Fiz um coque no cabelo abusei do delineador nos olhos e coloquei um brilho nos lábios e um pouco de blush nas bochechas. Calcei um escarpão preto. As 09:35 já estava sentada na sala esperando por ele.
Assim como combinado ele chegou as 22:30. Era o tempo suficiente para chegarmos e nos acomodarmos no nosso lugar.
Ele estava de social sem gravata. Quem abriu a porta foi a foi o Sr. Alter. Assim que ele me viu ele deu um sorriso largo, tendeu a mão para que eu desse a minha. Descansei minha mãe direita sobre a dele e ele a beijou e depois piscou para mim. Sorri para.
-Você está linda.
-Obrigada.
Sem dizer mais nada seguimos para o elevador e depois para o carro. Chegamos as 21:54 exatamente. Procuramos o nosso lugar e nos sentamos. Tinha bastante gente, mais também tinha muitos lugares vazios. A decoração era esplendida e tinha uma grande cortina cobrindo o palco, onde seriam abertos exatamente as 23:00. Tinha muitas pessoas de classe e alguns estudantes vestidos com roupa esporte.
As 23:00 as cortinas se abrem e uma mulher começa a cantar opera em capela. Após alguns minutos começa o som dos pianos e o maestro começa a conduzir o som de todos os instrumentos.
No começo estava muito interessante. Realmente, era algo diferente que eu nunca tinha visto. Era algo novo tanto para mim e com certeza para Bastian que estava olhando concentrado para o palco.
Passaram-se uma hora e meia até que todos bateram palmas e as cortinas se fecharam. Algumas pessoas começaram a se levantar.
-Até que não foi tão ruim. –disse Bastian olhando para o relógio.
-Vamos?
-A onde?
-Embora, acabou! –fiquei olhando para a cara dele. –Não, nem inventa, você não vai pedir autografo, eles nem são famosos. Podem até ser talentosos, mas você prometeu. –ele se levantou.
-Mas eu não vou pedir nada para eles.
-Então vamos embora.
-Mais não acabou!
-Claro que acabou.
-Foi só um intervalo. Tem mais uma parte de uma hora e meia.
-O que? –disse ele se sentando de novo e olhando para frente.
-Falta só mais um pouco.
-Mais um pouco? Terá mais uma hora e meia.
Olhei para ele mais ele não olhou para mim, continuou olhando para frente.
-Então vamos embora!
Ele entrelaçou suas mãos olhou para baixo.
-Não. Vamos ficar até o fim. Você disse que foi difícil conseguir os ingressos, certo?
Balancei a cabeça afirmando que sim!
-Eu só pensei que fosse a versão curta.
-Mas é.
-Imagina se não fosse. –disse ele se endireitando na cadeira.
Depois de meia hora, todos estão a seus postos. E as cortinas voltam a se abrir.
A orquestra volta a tocar e uma voz lírica ecoa ao fundo.
Dessa vez os minutos pareciam que estavam andando para trás. Olhei para Bastian e via ele pescando no sono. Futuquei-o para ele acordar.
-Desculpa. –disse ele passando a mão nos olhos e se concertando novamente na cadeira.
Mas o sono estava também me pregando uma peça. Manter os olhos abertos estava quase impossível a medida que os minutos iam passando. Não sei a que momento eu apaguei totalmente, só sei que deve ter sido logo depois de Bastian. Senti-me perdendo os sentidos aos poucos. Ainda lutava para ficar acordada. Não queria dar esse gostinho para Bastian jogar na minha cara que ele tinha razão.
Mas era mais forte. Fomos acordados, por uma mulher que não me lembro de seu rosto. Estava com a cabeça recostada sobre o ombro de Bastian que envolveu seu braço em mim. Demorei um pouco para despertar. Bastian que terminou de me acordar.
-Vamos embora, acho que agora acabou mesmo.
Espreguicei-me olhei para o palco, por alguns segundos tinha me esquecido onde eu estava, mas quando olhei para ele, me lembrei do concerto.
-Vamos. –disse mais uma vez Bastian já de pé, pegando em minha mãe.