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segunda-feira, 18 de julho de 2011

I-Mês XXIII Dia

Consegui passar a noite ali mesmo. Olhei para o relógio na parede. Era 05h45min da manhã. Vi que ele não estava mais com o tubo no nariz. A enfermeira havia retirado. Ajeitei-me e tentei voltar a dormir.  10 minutos depois:
-Ei!
Pensei que já estava dormindo e sonhando.
-Ei!
Abri os olhos.
-Acorda dorminhoca. –dizia Bastian sem abrir os olhos.
-Bastian? -levantei-me da cadeira, tropecei no lençol, mas não cheguei a cair. Fiquei ajoelhada perto da cama dele. –Ei! –disse sorrindo, mas com os olhos lacrimejando. –Você esta bem?
-Agora sim. –disse ele com um pouco de dificuldade.
Não conseguia dizer mais nada. Fiquei olhando para ele. Passei as mãos em seu rosto e ele fez esforço para abrir os olhos.
-Por que você esta chorando? –perguntou-me.
-Eu não to chorando não.
-Eu não fiquei cego, Lin. –ele fecha os olhos e eu não digo nada em resposta. –Você ainda esta comigo?
-Eu estou aqui, sim. É... Desculpa.
-Pelo que?
-Por você esta aqui!
-Não é culpa sua.
Quando ele disse isso mesmo com um pouco de dificuldade me senti bem mais tranqüila. Chorei sorrindo.
-Por favor... Não chore.
-Esta bem.
-Estou com fome. –disse ele com os olhos ainda fechados
-Vou pedir para trazer alguma coisa pra você.
-Sabe o que eu quero?  
-O que?
- Bollines.
-Não tem Bollines no hospital.
-Eu sei. –disse ele sorrindo. –Só queria me iludir um pouco. A comida daqui é horrível.
-Vou ver o que tem de menos pior para você poder comer.
-Obrigado.

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Quando eu estava quase saindo do quarto:
-Não demore, ta? –disse ele. Eu sorri.
-Tá.
Conversei com a enfermeira de plantão e tudo o que ela me falava era sem sal ou com o mínimo de açúcar. Parecia ser tudo horrível.
-Então, pode ser um pouco de iorgute e algumas frutas. –falei com ela.
-Pode deixar que eu levo até o quarto.
-Obrigado.
Voltei para o quarto do Bastian e ele estava mais elevado na cama e sua aparência estava bem melhor.
-E ai? –disse ele.
-Frutas e iorgute. –ele fez uma cara feia. –Foi o melhor que eu consegui.
-Pior que eu sei.
Sorrimos mas logo ficamos em silencio. Eu estava sentada na cadeira olhando para meus pés.
-Quer ver uma coisa legal? –disse ele. –Vem aqui.
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Sentei-me na beirada da cama dele. Ele pegou o fio com um adesivo que estava colado em seu peito ligado a uma maquina para acompanhar o batimento cardíaco, e colocou no meu cólon. De 90 a maquina bateu 137 o batimento cardíaco.
-Eu acho que quem não esta bem aqui é você.
Sorrimos. Mas estava envergonhada. Meu coração estava disparado só porque estava perto dele.
-É que... Eu não dormi bem essa noite.
Ele balançou a cabeça e riu.
A enfermeira bateu na porta. Ele pegou rápido o fio e ligou nele novamente para a enfermeira não ver. E eu me sentei de volta na cadeira. Olhamo-nos e ele piscou para mim.
-Prontinho. –disse a enfermeira olhando para que a bandeja não caísse. Colocou no colo dele.
-Obrigado. –disse ele para a enfermeira. Após ela isso, ela saiu. –Que ótimo, o iorgute é desnatado. –sorrimos.
Já era 07h00min. Ele comeu meia banana, um quarto de mamão e nem tocou no iorgute.
-Você precisa comer.
-Mas eu comi.
-Sei. Pega um pouco de iorgute.
-Mas é desnatado.
Balancei a cabeça.
-Eu vou ao banheiro rapidinho.
-Tá.
-Prontinho. –disse a enfermeira olhando para que a bandeja não caísse. Colocou no colo dele.
-Obrigado. –disse ele para a enfermeira. Após ela isso, ela saiu. –Que ótimo, o iorgute é desnatado. –sorrimos.
Já era 07h00min. Ele comeu meia banana, um quarto de mamão e nem tocou no iorgute.
-Você precisa comer.
-Mas eu comi.
-Sei. Pega um pouco de iorgute.
-Mas é desnatado.
Balancei a cabeça.
-Eu vou ao banheiro rapidinho.
-Tá.
Quando eu voltei, minha tia, Sr. Alter e o pai dele no quarto. Levei um susto. A direção do hospital, deixou todos entrar, devido a melhora dele
-Ãh!... Bom dia.
-Bom dia. –respondeu o Sr. Alter e Sr. Martin.

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Minha tia olhou com um ar de reprovação para mim.
-Alter, você não trouxe roupa para Lin não? –disse ela.
-Trouxe. Perdi para a enfermeira entregar. –disse ele.
Ela chegou perto de mim e falou entre os dentes:
-Por que você esta assim?
É! Eu não estava uma das melhores. Não tomei banho e dormi numa cadeira. Aos olhos da minha tia estava aos trapos.
-Desculpa. –disse dando uma ajeitada no cabelo. –Não deu tempo tia.
-Como assim não...
Alguém bate a porta. Isso interrompeu minha tia. Ainda bem. Era o medico.
-Bom dia para todos. –disse ele. Estava ansiosa para saber o que tinha acontecido com ele. –Bom Bastian, dessa vez passou. Mas você não pode parar de tomar os remédios.
-Remédios? –disse para mim mesma baixinho, apenas para eu ouvir.
-Você tem que continuar o tratamento... –continuou ele.
-Continuar o tratamento? –perguntei novamente para mim mesma.
-É chato? É, mas tem que se cuidar. –ele fez uma pausa. –Beleza, então?
-Beleza. –disse Bastian. Após isso o medico saiu.
-Que... Tratamento? –ele não diz nada, só olha para mim. –Que tratamento você faz Bastian?
-Nenhum! –disse ele olhando para outro lado.
-Eu não sou idiota, Bastian.
-Isso é coisa minha.
-Coisa sua?  Você tem um problema de saúde e não me diz?
-Para que eu devia contar? –a voz dele se altera um pouco.
-Bastian, por favor! –disse o pai dele, como se tivesse pedindo para não se alterar comigo.
-Pra que eu quero saber? –fiz uma pausa. Dessa vez meus olhos lacrimejavam, mas era de raiva. –Tratamento é coisa seria. Dependendo do que seja a pessoa pode... –cortei aqui.
-Morrer? –o completou sem exitar.
-É! –disse.
-Não tem muitos que iria sentir minha falta.
-Bastian... –disse novamente Sr. Martin.
-Claro que tem... Seu... Pai... Ele te ama. –ele fez uma cara de que não acreditava naquele amor. –Não se faça de vitima, Bastian.
-Você esta fazendo um drama por nada.
-Por nada?
-Só por que eu não te disse? Por favor!
-Só por que você não me disse?!... Ah!... Já sei. Pra que eu tenho que saber né? Você não me deve explicações.  Não tem o porquê você... Falar comigo. Tudo... Profissionalismo.
-Eu tenho sopro no coração. –disse ele alto. Fiquei sem fala. -Esta satisfeita? –não respondi nada. –Agora me diz, do que adianta? Você saber ou não faz alguma diferença.
-Bastian, por favor! –disse novamente seu pai. Ele estava, com certeza, muito nervoso com aquela historia.
-Eu só queria... Saber.
-Agora você sabe. Não era isso que você queria? Mas do que isso adianta? Meu pai sabia que minha mãe tinha essa doença. Todo mundo sabia. Eu sabia... E eu não pude salva-la. A única coisa que os outros podia fazer por ela.  Única coisa que eu poderia fazer por ela... É ter pena... Não quero que ninguém tenha pena de mim.  Eu não preciso disso. Não quero que você... Sinta pena de mim.
Ele conseguiu, mais uma vez, que eu me sentisse péssima. Agora eu entendi quando ele não foi trabalhar, não era por que estava resolvendo problemas do pai dele. Ele estava passando mal, e não queria que eu soubesse.
-Desculpa... –foi à única coisa que eu consegui dizer. A essas alturas não estava chorando mais. Não por que eu não queria, mas por que eu não queria deixá-lo ver.  –Sr. Alter, me leva pra casa?
-Claro.
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Sai do quarto sem falar mais nada. Entrei no carro e fiquei em silencio também, meu rosto estava molhado com as lagrimas. Queria chegar em casa, tomar um banho e deitar. E foi isso que eu fiz.
Tomei um banho lento, coloquei uma roupa leve e fiquei deitada. Fiquei pensando como seria a infância de Bastian com sua mãe doente. Como ele sofreu por ver sua mãe morrendo.
Senti-me culpada naquele momento por esta sentindo pena dele. Coisa que ele não queria. Mas ai, fiquei com raiva, por ele não ter falado comigo e por, quando falou, ter falado daquele jeito.
Todos os sentimentos estavam me consumindo. Culpa, raiva, tristeza, pena. Essa ultima, era o que mais me doía. Sentia como ele pudesse sentir o que eu estava sentindo.
 Aquele dia foi o mais comprido, fiquei quase a parte da manhã no meu quarto.
-Pode entrar. –respondi a batida da porta.
-Ola. –era minha tia.
-Oi. –respondi.
-Sinto muito por o que aconteceu no hospital.
-Tudo bem.
Ela se sentou ao meu lado na cama e virou meu rosto para ela para que beijasse minha testa.
-Tenho certeza que você vai consegui superar tudo o que você esta passando... –ela passa a mão em meu rosto.  –Você me lembra seu pai, mas... É guerreira como sua mãe.
Depois que disse isso, ela se retirou do quarto. Eu fiquei olhando ela sair até fechar a porta.  Aquelas palavras que minha tia me disse, me serviram como consolo. Meu corpo sentiu um refrigero. Senti-me segura de poder continuar e poder seguir a minha vida de mentira com mais coragem. E, mais importante, senti que, apesar de tudo, minha tia me amava e se importava o que eu estava passando. Ela só queria o melhor para mim. Mesmo que talvez não estivesse agindo corretamente.
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 Voltei a deitar na minha cama, mas agora, sem pesar. Acabei pegando no sono. Não é nada confortável passar a noite numa cadeira de hospital.
 Quando eu acordei, já era quase três da tarde. Coloquei outra roupa e desci.  Minha tia estava tomando o chá da tarde com a sua amiga Wanessa.
-Olá Lin, quanto tempo que nos não nos víamos.
-Verdade Sra. Wanessa. –me sentei à mesa com elas.
-Bastian teve alta há meia hora. –disse minha tia
-Que bom. –disse sem nenhum interesse de saber sobre ele.
Wanessa era a única a minha que minha tia tinha. Todas as outras eram amigas de interesse. Embora eu não gostasse muito dela, pois minha tia dava mais atenção a ela do que a mim. Ela era muito engraçada e gostava de falar frases de efeito de grandes escritores.
-Eu fui à festa de grafe Glamour. Sua tia me convidou. –disse ela.
-Que pena, eu não te vi lá.
-Tudo bem.  Mas eu queria que você soubesse que as fotos ficaram MARAVILHOSAS.
-Obrigado.
-O homem que trabalha somente pelo que recebe não merece ser pago pelo que faz. –essa era uma das frases de efeito que ela falava. –Mas você... –continuou ela.  –Você merece muito mais do que um simples pagamento pelo seu trabalho.
-Muito obrigado mesmo, Sra. Wanessa. –sabia que o que ela dizia era verdadeiro.
-Wanessa, vai deixar ela convencida. –disse minha tia sorrindo.
-Verdades existem para serem ditas e ouvidas, não escondidas. –nos três sorrimos. –Mas você pensa em continuar com esse trabalho?
-Bom. –disse. –No começo eu não gostava muito. Sou um pouco tímida. Embora eu ache passarela mais tranqüilo, não tenho físico para isso. Até porque eu nunca fiz passarela. Mas, esse ultimo trabalho foi interessante. Mas tenho um pouco de medo ainda. Não sei o que eu quero mesmo.
-Não deixe que o medo de errar impeça que você jogue. –disse ela colocando a mão dela sobre a minha. Sorri para ela. –Bem. –continua ela depois de dar mais uma pequena golada no seu chá. –Acho que já deu a minha hora.
-Ainda esta cedo Wanessa. –disse minha tia.
-Não, hoje eu vou ir ao cinema com minha filha.
-Que legal. Que filme vocês vão ver? –perguntei.
-Olha, na verdade não me lembro do nome, mas são esses que toda garota de 14 anos gosta. Um cara bonito. Uma garota indefesa. Uma historia parecendo de conta de fadas, mas, moderno. –ela sorriu. –Ainda bem que isso é fase.
-Sabe, Sra. Wanessa, eu ainda gosto desses tipos de filmes. –disse para ela num tom baixo e sorrindo.
-Então vamos conosco! Tenho certeza que você vai se divertir.
Pensei um pouco.
-É... Eu acho que eu vou mesmo.
-Então esta bem. Vamos?
-Só vou pegar minha bolsa.
Subi correndo e desci correndo.
-Sempre correndo, né Lin? –disse minha tia.
-Desculpa. Vamos?
Fomos no carro da Sra. Wanessa.

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A filha dela, de 14 anos se chamava Clarice. Ela era loira e tinha os olhos arregalados, azuis como o céu. Clarice era muito romântica e o sonho dela era participar em um filme de romance. Durante todo o filme ela comentava como seria se ela tivesse interpretando. 
-Essa cena tinha que ter mais emoção. –dizia ela quando gostava da cena mais não da interpretação da atriz ou do ator.
-Foi muito rápido. –era uma das frases que ela também dizia.
 O filme acabou. A Sra. Wanessa tinha dormido quase a metade do filme todo. Quando saímos da sala ela disse:
-Ainda bem que você veio. Vou te trazer sempre. –disse ela sussurrando e sorrindo.
Depois fomos para a praça de alimentação comer pizza.
-Vão comendo que eu tenho que ir ao banheiro e vou aproveitar para fazer uma ligação. –disse ela.
Eu e Clarice ficamos a sós.
-Obrigado por ter vindo. –disse Clarice.
-Tudo bem. Eu também amo filme de romance. Não tanto como você, mas eu fico viajando, sabe? Queria que minha vida fosse como as telas de cinema. Com trilha sonora e com a certeza que no final tudo vai dar certo.
-Quando eu fico imaginado eu e De... –ela faz uma pausa.
-Você e quem?
-Ninguém não.
-Você ia dizer. Você e De...? –fiquei esperando ela completar o nome.
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-Promete que não conta para minha mãe?
-Claro!
-Eu e Deny.
-Deny?  Quem é?
-Um cara da minha escola.
-Vocês se gostam! Que bonitinho
-Na verdade eu gosto dele. Não sei se ele gosta mesmo de mim.
-Hum...
-Ele é mais velho do que eu. Ele tem 18.
-Mas isso não tem nada a ver. E nem é tão mais velho assim.
-Posso te contar um segredo?
-Pode.
-Não, acho que não.
-Há não me conta! Eu prometo que não conto pra ninguém. Eu nem saio com sua mãe, só foi hoje. Não conheço seus amigos.  
-Eu quero contar pra alguém. Porque foi bem legal pra mim.
-Então eu sou a pessoa certa, você não corre o risco de ter seu segredo exposto. Não conheço as mesmas pessoas que você.
-Esta bem... -ela deu uma olha ao redor para se certificar que sua mãe não estava vindo. Ela se aproximou de mim. –Uma vez... Ele... Ele me Beijou. –disse ela quase em silencio.
-Verdade? –ela apenas balançou a cabeça em afirmação. –Como que foi?
-Bom... Ele é jogador e estava tendo um torneio na minha escola. Ele disse que ia fazer um gol para mim. Mas durante todo o torneio ele não conseguiu fazer nenhum. –ela fez uma pausa de tristeza.
-E ai?
-E ai que o time dele foi para a final, mas ele ainda não tinha feito nenhum gol.
-Que pena.
-Eu estava vendo o jogo da final, mas minha mãe me ligou eu precisava ir para casa. E não vi o jogo que estava empatado... –deu mais uma pausa, mas dessa vez era para beber um pouco de refrigerante. –No dia seguinte eu tinha chegado atrasada e estava sozinha na entrada, mas ele estava esperando por mim para falar como foi o jogo. Antes mesmo que eu chegasse perto dele, ele gritou “Vencemos”. Ele veio correndo até mim. Me levantou... E ai...
-E ai...?
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-E ai... Ele me beijou... –senti que ela esta com um pouco de vergonha. –Ele tinha feito o gol de desempate. O ultimo gol que levaram eles a vitória. O meu gol... O meu beijo.
-Que lindo.
-É... Mais ou menos.
-Por quê?
-Acho que ele não gosta de mim.
-Eu acho que ele gosta sim. Ele... Esperou você, mesmo atrasada pra te falar que fez um gol pra você.
-Não se engane. –ele mexeu o canudo do copo de refrigerante. –Quase... Duas semanas depois... --Eu o vi beijando uma garota. –“coitadinha dela”, pensei comigo. Tão nova e tendo esses desastres amorosos. –Me senti péssima. Parecia que meu peito ia rasgar de raiva e de ciúme ao mesmo tempo.
-Sei como é.
-Sabe?
-Quer dizer... Imagino.
-Mas você, não gosta de ninguém não?
-Acho que não!
-Acha?
-É mais ou menos igual você e o Deny. Você gosta dele mais não sabe se ele gosta de você. Só que eu não sei se eu gosto dele.
-Espera! Deixa-me ver se eu entendi. Eu gosto do Deny, mas não sei se ele gosta de mim. Então você é contrario. Ele gosta de você, mas você não sabe se você gosta dele. Isso?
-Não. Na verdade eu acho que eu não gosto dele por não saber se ele gosta de mim.
-Eu acho que eu entendi. Mas no final das contas, meio que acaba gostando dele.
-Não. Deve ser outro sentimento ainda não identificado por mim.  Mas na verdade ele é um idiota, cretino. –coloquei a mão na boca. Ia começar a xingar na frente de uma garota de 14 anos. –Desculpa.
-Tudo bem. –disse ela sorrindo. –Qual o nome dele?
-O nome dele? É...
-Desculpe pela demora meninas. –disse Sra. Wanessa me interrompendo. –Meu marido as vezes pensa que ainda somos um casal de namorados.
-Tudo bem. Estávamos... Falando... Sobre o filme. Só que comemos a pizza quase toda.
-Não tem importância não. Eu e Clarice já temos que ir para casa.
-Já mãe?
-Sim, seu pai chegou mais cedo, e detesta ficar sozinho em casa.
Levantamo-nos e a Sra. Wanessa foi pagar a conta.
-Foi muito bom ver o filme com você.
-Foi mesmo. Podemos fazer isso mais vezes.
-É.
Sra. Wanessa me deixou em casa.
-Foi maravilhoso passar à tarde com vocês. –falei ainda no carro. -Qualquer dia desses vem aqui em casa Clarice para conversarmos mais.
-Pode deixar.
Sair do carro e ainda dei uma acenada quando o carro já estava e movimento.
Aquela tarde descontraída era tudo que eu estava precisando. Conversar um pouco com alguém que não era Sr. Alter, nem minha tia, muito menos Bastian ou seu pai. Queria que voltasse minha vida como era antes. Eu pudia sair ao cinema e depois comer alguma coisa na praça. Por mais que eu fizesse essas coisas sozinhas eu me sentia livre para fazer o que eu quisesse.
Clarice foi à primeira menina que eu conversei de verdade. Na escola eu não era de muitos amigos. Apesar da idade ela, às vezes parecia mais madura do que eu. Até já beijou um garoto. Eu com 19, nunca tinha nem pensado em alguém. Ao não ser Brian. Mas agora penso se realmente eu cheguei a gostar dele.
Quando cheguei em casa já era quase sete horas.
-Boa noite tia Malvine!
-Boa noite. Como foi o filme?
-Foi bom. Clarice é muito legal.
-Convide ela qualquer dia desses para vir aqui em casa.
-É! Eu falei com ela essa idéia. –comecei a subi as escadas para ir ao meu quarto. –Sr. Alter?
-Deve esta lá pra dentro.
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-Vou tomar um banho, estou cansada.
Entrei no meu quarto. Assustei-me:
-Bastian?
-Oi.
Ele esta sentado na minha cama. Seu rosto ainda estava decaído.
-... O que... Você esta fazendo aqui?
-Vim falar com você... Sr. Alter, quase me bateu quando eu pedi para te esperar aqui. –disse ele sorrindo.
Meu coração estava começando a disparar. Não sabia se era de raiva ou pelo fato dele mexer com minhas emoções nos últimos dias. Sentei-me do lado dele. Mas fiquei olhando para frente.
-Pode... Falar.
Ele ficou em silêncio. Senti que ele olhava pra mim, mas eu continuei olhando pra frente. Ele chegou mais pra perto de mim. Eu me afastei.
-Eu acabei... De chegar da rua... Não estou... Limpa.
-Esta tudo bem. –ele olhou pra frente também.
-O que você veio... Falar?
Ficamos um tempo em silencio. Parecia que ele estava escolhendo palavras para se expressar. Ou coragem.
-Quando... Eu tinha oito anos... Estava andando de bicicleta com uns amigos... Estavamos descendo uma ladeira... Disputando uma corrida... Senti... Que meu coração não estava... Normal... Achava que poderia ser a adrenalina, por eu esta quase ganhando... Não queria parar a corrida... Estava quase ganhando... Comecei a... Sentir falta de ar... Mas não queria parar. –quando ele começou a falar, eu olhava para ele, mas ele olhava para frente, como se estivesse tendo uma visão do que tinha acontecido. –Quando eu cheguei ao ponto demarcado, que seria da vitória... Eu apaguei... Só fui acordar dois dias depois, no mesmo hospital... –ele não conseguia terminar, mas já consegui deduzir que, provavelmente, era o hospital que a mãe dele, teve que passar quase todo o tempo. Talvez o hospital que ela morreu.
Parecia que Bastian estava lendo os meus pensamentos, então, tentei parar de pensar. Coloquei minha mão no pescoço dele com as pontas dos dedos acariciando o pé de seu cabelo.
-Eu... Ia contar pra você. –disse ele. –Só... Não sabia como... Ou quando. Não queria que fosse desse jeito. –ele olhou para mim. –Queria que você tivesse lá quando sai do hospital.
Voltei minha mão.
-Desculpa. –disse ele por fim.
Ia abraçá-lo, mas voltei atrás. Talvez ele interpretasse que fosse um gesto de pena. Não sabia como lidar com ele.
-Eu... Tenho que tomar banho. –foi à única coisa que eu disse. Depois de tudo que ele me disse.
-Ainda com raiva?
-Não. Claro que não.
-Tem certeza?
Balancei a cabeça em afirmação.
-É que... Eu estou suja.
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Ele sorriu pra mim e se aproximou. Senti-o cherando meu rosto e depois me deu um beijo no rosto. Meu corpo de arrepiou.
-Obrigado por ter cuidado de mim.
Olhamo-nos por alguns segundos e depois ele saiu.
Odiava quando ele fazia aquilo. Quando ele, com todo o charme que só ele conseguia ter, fazer eu me senti daquele jeito. Sentia-me uma boba.
Sabia que aquela era mais uma noite que eu não ia dormir direito.
(CONTINUA)
 

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