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quarta-feira, 20 de julho de 2011

I-Mês XXV Dia

No dia seguinte Dimitri ainda não tinha terminado tudo.
-Ainda faltam alguns ajustes. –disse ele. –mas está praticamente pronto. O projeto já foi aprovado, mas só podemos começar na segunda-feira. Mas hoje, acho que já dar para fazer um pré-ensaio. Para eu poder ver a luz e algumas poses. –ele se vira para mim. –Você vai ter que colocar sua roupa, por que faz parte do cenário. Bastian e Derek vão colocar uma única peça da linha só para tirar as fotos, não vão precisar ficar trocando. Vamos começar com as fotos individuais de Derek. Enquanto isso Lin você vai colocar a roupa. Ela não é nada fácil. Queisy vai te ajudar. –ele fez uma pausa. –Mãos a obra.
Fui até Queisy, onde já estava com meu vestido dando alguns ajustes.
-Só me faltava essa. Eu sou maquiador não costureiro.
-Mas porque a Megan não faz isso?
-Por que ela é uma incompetente. Dei o panorama dos detalhes e ela teve a cara de pau de dizer que não daria pra fazer. Na verdade ela não sabe isso sim. Abusada. –reclama ele.
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O vestido era lindo. Tinha uma cor de ouro com perola. Digno de uma verdadeira princesa. E seus detalhes eram perfeitamente encaixados. Queisy era perfeccionista. Conseguiu fazer um verdadeiro vestido de uma princesa. Lembrei-me de Clarice. Ela ia gostar de experimentar.
-Lin, acorda. –disse Queisy.
-Desculpa, estava distraída.
-Pode experimentar.
Ele me ajuda a vesti.
-É bem pesado.
-É perfeito. –disse ele olhando admirando o vestido.
Quando cheguei ao cenário. Dimitri estava tirando fotos individuais de Derek.
-Muito bem! –dizia Dimitri.
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Derek realmente se sentia a vontade em fazer aquilo. Não era tímido, não era inibido. Apenas fazia. Não tinha vergonha de mostrar o melhor que ele pode ser. Conseguia fazer caras felizes, serias e tristes numa sintonia perfeita.
Bastian não estava na sala ainda.  Queisy chega e se posiciona ao meu lado.
-Ele é espetacular.
-Será que vai demorar muito?
-Está doida para fazer fotos com ele né?
-Na verdade, nem tanto.
Ficamos em silencio. Apenas observando. Ele tinha braços fortes. Sua barriga parecia que era desenhada a mão. Seus lábios eram naturalmente avermelhados. Sua pele parecia veludo.
-Já está bom por enquanto. –disse Dimitri.
-Valeu! –disse Derek.
-Bastian já deve está chegando. Vamos esperar um pouco. –disse Dimitri.
Fui para um canto me encostar.  Vestido estava realmente pesado. Não sei por que tive que vestir ele. As fotos comigo poderiam nem acontecer naquele dia.
Respirei fundo. O espartilho estava me sufocando. Vi Derek se aproximar de mim.
-Desculpe, esqueci o seu nome!
-Ãh!... –olhei para ele. Acho que não era uma boa idéia conversar com ele.
-Se não quiser me dizer tudo bem. Prometo que não vou chorar. –disse ele sorrindo. Um dos sorrisos mais claros e belos que eu já tinha visto.
-Não... É... –dei uma olhada para os lados para ver se o Bastian estava vindo. –me chamo, Lin.
-Lindo o nome. Combina com você.
Sorri sem graça.
-Obrigada.
-Achei a idéia do Dimitri fantástica. Seria muito louco se acontece na vida real, não acha?
-É, seria.
-Mas seria... Interessante. Desde que eu ganhasse lógico.
Fiquei totalmente sem graça.
-Preciso ir.
-Espere...
Não deixei completar. Apenas sai. Não queria que Bastian visse a gente juntos. Não queria e nem gostava quando Bastian brigava comigo. Então quando mais eu evitasse melhor. Não ia deixar que acontecesse de novo. Já bastavam meus novos problemas.
-Então... Ãh!... Quando eu começo? –perguntei para Dimitri preocupada.
-Calma. Vai chegar sua vez. –ele olhou pra mim. –Quem diria, hein?
Mal sabia ele que eu estava mais apavorada do que nunca. A idéia de Dimitri era um pouco louca demais. Mas ele fazia qualquer coisa para que seu trabalho fosse um sucesso.
Bastian chega.
-Vamos logo com isso. –disse Dimitri tentando adiantar as coisas.
Sentei-me para ver.
-Posso me sentar ao seu lado? –disse Derek já se sentando.
Levantei os ombros como se não me importasse. Mas estava.
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Fiquei vendo os ensaios de Bastian. Diferente de Derek, ele não era bom de fazer caras felizes, ele era perfeito em sedução e raiva. Essa ultima, parecia que era uma mensagem para mim. Ainda mais com Derek ao meu lado. Com certeza as coisas não iriam caminhar bem.
-Você e Bastian são namorados, né?
-O que? –perguntei como se não tivesse entendido. O que não é verdade. Só fiquei pensando o que levou ele a fazer essa pergunta. E se ele sabe, por que tenta puxar assunto. Talvez não soubesse o temperamento do Bastian.
-Eu perguntei se você é namorada do Bastian... Quer dizer... Eu fiquei sabendo... Mas... Só pra saber.
Olhei para baixo e balancei a cabeça afirmando que sim.
-Parece que você não gosta.
Aquele comentário me atingir como flecha. Fiquei sem comentar. Parecia que ele tinha adivinhado toda a minha história. A final as únicas pessoas que sabiam eram eu, Bastian, minha tia, Sr. Martin e Sr. Alter e outras poucas pessoas. Mas, elas eram de confiança. Ele não poderia saber. Não conseguia entender.
-Desculpa. Não queria te deixar constrangidas. Desculpe.
Até a maneira que ele falava era diferente. Ele não media palavras. O que vinha na cabeça dele ele falava. E quando sentia que seu comentário não era bom, se desculpava sem medo de medir as palavras. Não sabia se isso era bom.
-Tudo bem... Eu e Bastian...
-Brigas de casal. –olhei para ele. –Certo? –faz uma pausa e olha para Bastian. –Ele deve ser uma pessoa de sorte.
-Talvez, não. –disse sem pensar o que estava realmente querendo dizer.
-Eu seria. –disse ele olhando para mim. Também olhei para ele. Consegui ficar vermelha com aquelas duas sentenças que ele disse.
Ele continua olhando para mim, mas eu comecei a olhar para os babados do vestido que dançavam entre os brilhos de perolas. Ele ajeita uma mexa do meu cabelo atrás da minha orelha. Tentei me afastar. Ele para, mas continua com a mão posicionada. Depois tenta colocar a mexa novamente no lugar.
Como minha cabeça estava baixa, não vi quando Bastian se aproximou.
-Vamos almoçar Lin. –olhei para ele e ele estava encarando para Derek. Olhei para Derek para ver se ele também estava olhando para Bastian. E estava. Meu coração bateu mais rápido.
-Vamos. -disse levantando e já puxando Bastian para longe de Derek.
Fomos em silencio até o restaurante da empresa.
-Você tinha que vir mesmo com esse vestido? –perguntou Bastian.
-É... O Queisy pediu para eu ficar o dia todo com ele. –na verdade o peso dele nem estava mais me importando e Queisy não tinha me pedido aquilo. Estava muito nervosa. Tinha quase certeza da bronca que Bastian me daria. E saber que ele poderia fazer a qualquer momento que ele quisesse que me pegasse desprevenida, castigava meus nervos.
Sentei-me na mesa em silencio. Bastian se retirou. Minha perna não parava quieta, eu tinha essa mania que herdei da minha tia Malvine. Quando Bastian voltou ele já estava com o prato nas mãos.
-Não vai comer nada? –perguntou ele já enchendo a boca.
-Não estou com fome.
-Algum motivo em especial?
-Por quê? –perguntei aflita.
-Por você não está com fome?
-Não... Só... Não estou com fome.
Fiquei tentando imaginar o que passava pela cabeça dele. Se ele estava preparando alguma coisa. O almoço acabou, mas meu nervosismo e minha ansiedade não. O silencio de Bastian me chicoteava. Parecia que ele não tinha visto nada. Ou talvez, ele não se importasse mais.
Voltamos para o estudio fotográfico.
-Deixa-me te ver. –disse Queisy. –Esqueci que você ainda estava com o vestido e poderia manchar na hora do almoço. Do jeito que você é estabanada.
-Não se preocupe. Não almocei.
-Lin, vou tirar algumas fotos com você. Umas cinco para podermos identificar quem será disputada. Mas as fotos originais só serão semana que vem. –disse Dimitri.
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Posicionei-me no cenário assim como Dimitri me conduzia. Foi à primeira, a segunda, a terceira.
Não sei como estava conseguindo. Acho que era isso que Dimitri queria. Um confronto praticamente real.
-Perfeito. –dizia ele.
Foi a quarta e a quinta foto.
-Já está bom. –finalizou ele.
Fui direto tirar aquele peço de mim.
-Acho que mais uma hora com isso eu volto pra casa de cadeiras de rodas.
-Vai se acostumando. –dizia Queisy. –Semana que vem você vai usar muito.
Queisy terminou de me ajudar a retirar a roupa. Não tinha vergonha de ficar de langeri perto dele. Afinal ele gostava mais do Brad Pitty do que da Angelina Jollis.
-Com licença. –disse Derek já entrando. Assustei-me tentei pegar o vestido e me tampar.
-Desculpe. –disse ele se virando logo.
-Não se vira ainda.
Tentei pegar minhas roupas. Bastian também aparece.
-Lin?
Outro susto.
-O que está acontecendo? –disse ele, mas sem virar.
-Bastian! –falei alto. Queria que ele se virasse. Ele se virou.
-Depois eu volto. –disse Derek indo em direção a porta.
Bastian estava impaciente. Queria saber por que Derek estava na sala de Queisy justamente na hora que eu estava trocado de roupa. Nunca tinha feito isso com ninguém. Diferente das outras modelos nunca me trocou na frente de ninguém, nem delas mesmo. Minha tia sempre me ensinou que a libertinagem estraga qualquer castidade que a pessoa tentou cultivar durante a vida.
Terminei de colocar minha roupa.
-Bastian...
Antes que eu disesse qualquer coisa ele sai da sala sem dizer nada.
-Droga! –disse.
Depois disso ele ficou sumido o dia todo. Só o vi na hora de ir embora. Tentei não tocar no assunto. Fomos em silencio para o elevador e continuamos em silencio no carro.
Quando chegamos ao prédio onde morávamos, tentei falar alguma coisa com ele.
-Tomou seus remédios na hora do almoço?
-Esqueci. -disse ele friamente.
-Não acredito. Você não estava com o seu celular não? –entramos no elevador com destino ao 21° andar.
-Eu o deixei na mochila.
-Se você continuar a se esquecer ou tomar o remédio na hora errada o tratamento não vai valer de nada. Agora você vai ter que tomar seis de vez. Vai saber o mal que vai fazer no estomago.
Chegamos ao andar. O elevador se abre. Bastian sai primeiro e antes que eu saísse ele diz:
-Por que você não me lembrou? Você não disse que ia me lembrar também?
-Está querendo colocar a culpa em mim? –a porta do elevador começa a se fechar. Aperto o botão para abri-lo de novo.
-Não estou colocando a culpa em você, apenas estou cobrando uma coisa que você mesmo disse.
-Por favor... –a porta começa a se fechar de novo. Aperto novamente para mante-lo aberto.
-Você almoçou comigo, por que não me lembrou? Está ocupada demais com outras coisas? –entendi perfeitamente o que ele estava se referindo.
–Estava distraída. –tentei me justificar da pior maneira possível.
-Estava com o pensamento a onde...? No Derek? -ele conseguiu o que queria. –E o que foi aquilo hoje? Você estava... Pelada, perto dele.
-Eu não estava pelada.
-Assim, de peça intima.
A porta se fecha novamente do elevador e aperto o botão para mante-lo aberto. Dessa vez fico pressionado.
-Não foi bem assim.
-Lin, eu vi.
-Mas não é do jeito que você está imaginado. Foi um acidente.
-Um acidente?... Você é ridícula.
-Ele ia falar com Queisy. Eu não costume me trocar na sala dele... Mas o vestido era muito pesado e cheio de víeis e botões. Não ia conseguir sozinha.
-Ai você pediu ajuda? –disse ele sarcasticamente.
-Ai ele apareceu. Mas ele se virou logo em seguida... E... E ai, você pareceu.
-Demorou muito pra você inventar essa historia.
-Para de ser idiota. Eu não estou inventando. Você que está bagunçando tudo. Eu só perguntei se você tinha tomado os remédios e você me bombardeia com questões e falta de confiança.
-Não tomei o remédio e não vou tomar.
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-Então ta.
-Então ta.
Parei de pressionar o botão do elevador para mante-lo aberto e ele foi se fechando.
-Então ta. –disse ainda.
-Então ta. –o escutei falar pela ultima vez.
A porta se fechou de vez. Parecíamos duas crianças.
Encoste-me na parede do elevador e cruzei os braços. Estava com muita raiva.  Mas por um lado foi bom. Senti que ele estava com um pouco de ciúme. Isso poderia ser um bom sinal. Fiquei pensando um pouco. Depois sorri pra mim mesma e apertei o botão para abrir a porta e sai. Mas ele não abriu. Fiquei pressionado varias vezes. Estava travado.
-Bastian? –gritei, como se ele pudesse me ouvir. –Bastian? –gritei mais alto.
Batia na porta.
-Alguém, por favor.
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Quando me vi realmente presa fiquei desesperada. Gritei muito. Mas sabia que ninguém me podia ouvir.
Agachei-me no chão e fiquei encolhida.
Lembrei de muitas coisas. Em determinado momento lembrei-me do dia em que meu pai morreu e do enterro simbólico que fizeram para ele. Vi-me em frente do caixão. Comecei a chorar. Foi a primeira vez que eu realmente estava chorava por ele ter morrido.
Sentia falta dele, da minha mãe. Já tinha bastante tempo que eu não tinha pesadelos. Tinha bastante tempo que eu não me lembrava de coisas que me deixava realmente deprimida.
Depois que eu conheci Bastian. As coisas estavam um pouco diferente. Tinha outras coisas para pensar e outros pesadelos para sonhar.
Mas aquele momento eu quis pensar no meu pai e na minha mãe e como eu me sentia protegida quando nas noites de chuva eles às vezes me deixavam dormir na cama deles, no meio. Ali, nada poderia me acontecer. Estava salva.
Agora, me sentia como o ultimo humano a está de pé. Como alguém que viu de tudo na vida, mas não acreditava em nada. Porque as coisas não são como realmente parecem ser. Enlouquecem. Queria poder pelo menos fingir que esta tudo bem. Mas só vejo o lado de dentro, do lado de fora. Não consigo ver tudo, com o peso do mundo nos meus ombros. Sinto que vou cair. Mas tento ficar de pé, mais uma vez.
Vejo-me gritando, mas desta vez é em silencio.  As coisas não vão melhorar. Quaisquer pensamentos de melhora não afluem nas minhas veias. Elas correm e desaparecem como pássaros hibernais.
Depois de bastante tempo, onde construía um castelo sombrio para minha vida, consegui adormecer. Um sono vazio. Era o que eu preferia.
Passei a noite toda naquele elevador. Sentia que estava próxima de casa ao mesmo tempo longe.
(CONTINUA)
 

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